27/09/2010

A História do Djing, parte 1: A Cultura do Soundsystem


Se você não perde uma boa balada, então já está familiarizado com o fato do DJ ser, quase sempre, a estrela da noite. A cena é conhecida: um cara girando as pickups com o headphone entre uma orelha e o ombro entretendo uma pista de dança em êxtase. Nos últimos 20 anos, o DJ tornou-se uma das figuras mais reverenciadas na cultura popular, associado à fama, dinheiro e, claro, absolutamente a tudo que leve o nome de festa.

O que talvez você não saiba é que o DJing (ou a arte de ser DJ), como todas as artes criativas, tem várias raízes pelo mundo, da Jamaica até Nova York, de Chicago e Detroit até o Reino Unido e por aí vai. É uma história fascinante que tem como base talento técnico, um furacão de criatividade e uma paixão tão profunda por colecionar e tocar músicas que chega a ser mal-compreendida (a menos que você seja um DJ e, nesse caso, saberá exatamente do que se trata).

O Estilo da Ilha: DJs da Jamaica definem o padrão

Apesar do Djing estar por aí desde o nascimento da música gravada, os principais elementos do DJing moderno têm como berço a cultura Soundsystem jamaicana. Nos anos 1950, DJs empreendedores jamaicanos realizavam grandes festas ao ar livre tocando Rhythm & Blues. E isso foi possível porque seus sistemas de som, alto-falantes, amplificadores e toca-discos eram móveis. Carregando seus equipamentos junto, os DJs viajavam pela cidade de Kingston tocando em festas que seus fãs aguardavam ansiosamente.

Nomes como Sir Coxsone Dodd’s Downbeat, Duke Reid’s Trojan e King Edward’s Giant eram famosos na cultura Soundsystem em uma época pontuada por DJs excêntricos. Esses DJs começaram a ficar muito competitivos entre si, gerando um sentimento de rivalidade.

Essa competitividade culminou no que é conhecido como Batalhas de Soundsystem, onde duas equipes montavam seus sistemas de som próximos um do outro. A competição podia ser com as duas tocando ao mesmo tempo ou separadas, levando sempre a multidão ao delírio. A equipe que conseguisse o som mais alto e tivesse os melhores discos recebia mais aplausos e atenção do público, sendo escolhida a vencedora do confronto.

Música de Raiz: Do R&B ao Reggae

Inicialmente, o tipo de música que os DJs tocavam era o R&B de Curtis Mayfield, Otis Redding e Ben E King. Os DJs chegavam a viajar até a América do Norte para conseguir essas músicas ou faziam amigos e familiares que viajavam trazer as gravações. Ter um disco famoso que nenhum outro DJ tinha era um triunfo e alguns até mesmo riscavam o título do disco para que ninguém soubesse qual era.

Conforme a música jamaicana se desenvolvia durante os anos 1960 e 1970, passando do Ska e Rocksteady até o som que agora todos conhecemos como Reggae, os Djs começaram a tocar mais músicas nacionais.

Eles então deram um passo à frente e começaram a fazer suas próprias “versões” de canções populares jamaicanas. Eles pediam emprestadas as fitas de gravações dos estúdios ou trabalhavam com os engenheiros de som dos estúdios em que as músicas eram gravadas para então remixa-las. Isso na maior parte das vezes envolvia tornar o baixo e a bateria muito mais potentes na mixagem, além de adicionar eco aos vocais em determinados pontos da música. Esse foi, de fato, o nascimento de um gênero chamado de Dub, e descrito pela Wikipedia como “um subgênero instrumental do Reggae, ou um gênero de música particular que envolve revisões de músicas existentes.” 

Da Jamaica para o resto do mundo
 
Há quase 50 anos DJs jamaicanos estabeleceram alguns dos aspectos mais importantes do DJing: procurar a melhor música que ninguém mais tem, fazer edições de músicas populares para se encaixar melhor no seu set e o sentido de competitividade que se encontra em cada DJ -- aquele sentimento de que você pode agitar a festa melhor do que ninguém. Os Djs jamaicanos iriam influenciar diretamente o nascimento do hip-hop e de uma certa maneira os DJs de todo o mundo até hoje.

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